quinta-feira, 8 de abril de 2010
Cultura: Teatros barram cada vez mais a entrada de “atrasadinhos”
Trânsito, chuva, falta de lugar para estacionar. Muitas são as justificativas ou as desculpas de quem chega atrasado ao teatro ou a outro tipo de espetáculo cultural. Porém, algumas casas começam a barrar quem aparece fora do horário previsto para o início da sessão.
O movimento “Pontualidade já” foi “fundado” por Antônio Fagundes. Quem se atrasava para a peça “Restos”, que ele apresentou no Teatro dos Quatro, no Rio de Janeiro, não entrava. Em dois meses, foram mais de 50 os barrados pelo ator.
O mesmo acontece hoje no Teatro Oi Casa Grande, também no Rio. A pedido da direção da peça “A gaiola das loucas”, com Miguel Falabella e Diogo Vilela, ninguém entra após o espetáculo começar para não atrapalhar. E nem tem o dinheiro do ingresso devolvido.
“Não podemos devolver o dinheiro, senão isso se torna um privilégio de quem atrasa”, afirma João Luiz Azevedo, gerente operacional do espaço. Ele diz que não são raros os casos irem parar na delegacia, que fica a poucos metros do teatro, mesmo com toda a divulgação que a nova regra tem no site e na bilheteria.
A condição não é fixa no Oi Casa Grande. Em outra peça apresentada no local, “Os Saltimbancos”, a entrada dos atrasados é livre. No espetáculo que estava em cartaz anteriormente, “Hairspray”, era permitido entrar, mas os retardatários tinham que ficar no balcão do teatro, o que gerava queixa de quem havia comprado lugar ali.
Azevedo afirma que o público deveria se educar para chegar com antecedência. “As pessoas têm aquela ideia de que teatro sempre atrasa, por isso não se preocupam tanto com o horário. Mas isso não é verdade”, diz.
Segundo o diretor de fiscalização do Procon de São Paulo, Paulo Arthur Góes, não há nada de abusivo em proibir a entrada de pessoas que chegam após o início da sessão, desde que o estabelecimento informe a regra previamente. Cumprida essa premissa, o teatro também não é obrigado a devolver o valor pago pelo ingresso.
Góes afirma que é a relação entre o espectador e a casa é de consumo. “Se uma das cláusulas for não entrar depois da hora de início do espetáculo, o consumidor tem que aceitar”. Por isso, ele recomenda que o público se informe das condições estabelecidas pelo teatro ou casa de espetáculo antes de comprar seu ingresso.
A mesma ideia vale para casas que não proíbam a entrada após o início da peça. O espectador que se sentir lesado pelo incômodo causado pelos retardatários não tem o direito de pedir o dinheiro de volta, já que sabia que o teatro não tinha como regra tal restrição.
Época
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