Texto: Elaíze Farias (Equipe de A Crítica)
Cinco professores de Barcelos, um deles indígena, acusam o juiz titular da comarca daquele município, Manuel Amaro de Lima, de mandar prendê-los arbitrariamente, na última terça-feira, 9, sob acusação de serem eles os responsáveis pela publicação de uma jornal chamado “Bacurau”. O jornal teria conteúdo considerado difamatório. Os cinco negam a autoria do jornal e também questionam a legitimidade da prisão pelo fato de não existir provas contra eles.
Foram presos Reginel Macedo, João Batista, Aluízio Bastos e Benjamim Baniwa. Sob a acusação de ter atrasado a pensão alimentícia, também foi preso o professor João Enecy. Três deles foram soltos no mesmo dia da detenção. Enecy foi liberado anteontem. Somente o indígena Benjamim Baniwa continuava preso até ontem de manhã.
Benjamim Baniwa afirmou que, durante a prisão dos professores, o juiz os teria pressionado a confessar ou a delatar os autores do jornal. “Ele nos disse que estariam chegando testemunhas contra a gente e que íamos ficar presos. Mas essas testemunhas não apareceram. Estão nos acusando porque somos do sindicato e porque sabemos escrever”, afirmou Baniwa, que é graduado em Ciências Sociais. Os professores afirmam que vão denunciar o juiz à corregedoria do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJA) por abuso de autoridade e constrangimento.
Procurado pela reportagem, o juiz Manuel Amaro de Lima confirmou que autorizou a detenção a pedido da “autoridade policial”. Ele disse que os professores foram detidos por serem considerados “os principais suspeitos de lançarem um jornaleco na cidade”, referindo-se ao “Bacurau”. Manuel Amaro Pereira de Lima confirmou que é citado na última edição do “panfleto”, lançado em janeiro, mencionado de “forma ofensiva contra sua dignidade”. Indagado sobre a detenção ter sido realizada durante a investigação, ele afirmou que “a lei ampara esse tipo de prisão temporária”. Lima disse ainda que há testemunhas que teriam visto os professores “na calada da noite distribuindo os jornais”.
Ele explicou também que o indígena, que juridicamente só poderia ser detido pela justiça federal, foi preso “porque mora na cidade”. O juiz negou que Benjamim Baniwa continuava preso ontem, informação desmentida pelo indígena, que disse ter sido solto somente às 11 h, após Lima ter sido contatado pela reportagem.
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