quinta-feira, 24 de junho de 2010

Eleições: o que fazer?


O objetivo principal deste artigo é levantar algumas propostas que as entidades sindicais poderão desenvolver no próximo trimestre, referentes à participação nas eleições quase gerais, que ocorrerão no mês de outubro.

Num artigo que escrevi, publicado no mês de junho, procurei demonstrar a importância dessas eleições, com o confronto entre dois projetos: um que significa a volta ao neoliberalismo, e o outro que possibilitará que o nosso país continue a se desenvolver, e avançar mais, rumo à soberania nacional, à democracia, à valorização do trabalho e à distribuição de renda.

Sugiro que as entidades sindicais sigam alguns passos para efetivar ações conseqüentes que contribuam efetivamente para a eleição de candidatos comprometidos com os interesses dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros:

1.Ler e debater o texto “Agenda da Classe Trabalhadora para um Projeto Nacional de Desenvolvimento com Soberania, Democracia e Valorização do Trabalho” aprovado, por unanimidade, na CONCLAT 2010.

2.Definir uma plataforma da entidade sindical referente à função específica que desenvolve. Por exemplo, os trabalhadores de transporte elaboram plataforma referente aos transportes, os da saúde referente à saúde, e assim por diante.

3.Nas instâncias de deliberação das entidades sindicais, convocadas amplamente, definir quais candidatos serão apoiados, com o compromisso de defender a implantação, cada vez mais intensa, do projeto nacional de desenvolvimento referido acima, assim como a plataforma específica da categoria ou ramo de atividade. Essa escolha dos candidatos deve ser precedida por um levantamento do histórico de vida, histórico do posicionamento político dele e do Partido ao qual é filiado, e do programa desse Partido.

4.Desenvolver ampla campanha para garantir a eleição dos candidatos aprovados nas instâncias deliberativas da entidade, fazendo a crítica às políticas desenvolvidas por candidatos defensores do neoliberalismo. Por exemplo, ao mesmo tempo que devemos apoiar Dilma , apresentando os argumentos baseados no projeto que defende e em toda sua história de lutas , devemos também nos opor a Serra, apresentando os argumentos a respeito do projeto que defende – e que foi aplicado nos 8 anos do Governo FHC – assim como a sua história enquanto político defensor dos interesses burgueses, como ocorreu, por exemplo, no processo de elaboração da Constituição de 88.

5.Os sindicalistas classistas devem aproveitar o período eleitoral para intensificar o processo de formação que eleve o nível de consciência política da classe trabalhadora, instrumento essencial para que ocorram as mudanças fundamentais que o Brasil necessita.

6.Promover encontros, debates com a presença de trabalhadores e trabalhadoras, tendo como objetivo a discussão do significado das eleições, os programas apresentados, a história de vida dos candidatos. Nesses encontros e debates deverão estar presentes, se possível, alguns dos candidatos .No caso dos professores da PUC de Campinas, em todas as eleições, realizam-se esses debates promovidos pela APROPUCC e SINPRO.

7.Abrir os veículos de comunicação das entidades para a manifestação dos trabalhadores e trabalhadoras, a respeito das eleições. O SINPRO CAMPINAS faz , em todas as eleições, uma tribuna de debates, para que os professores se manifestem, indicando os candidatos de sua preferência.

8.Estabelecer prioridade, nesse período de 3 meses, à campanha eleitoral. Isso significa que as atividades desenvolvidas pelas entidades deverão estar voltadas para o processo eleitoral.

Apresentamos aqui algumas propostas. Outras poderão se somar, para que as entidades sindicais tenham uma atuação conseqüente, no que se refere ao processo eleitoral. Na visão classista, o sindicato deve defender os interesses econômicos dos trabalhadores , mas deve também atuar política e ideologicamente. Assim como há momentos como as da campanha salarial em que prevalece a luta econômica, deverá haver outros momentos, como de campanha eleitoral, em que deverá prevalecer a luta política e ideológica.


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Augusto César Petta é sociólogo, coordenador técnico do Centro de Estudos sindicais (CES) e coloborador da Revista Visão Classista

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