No dia 05 de maio, a presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu apresentou um infundado estudo intitulado de “Quem produz o que no campo, onde e quando II”. O documento foi produzido no anseio de desqualificar as informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Censo Agropecuário de 2006, divulgado no ano passado.
Segundo o estudo da CNA, mostrando-se indiferente a realidade da população rural brasileira e aponta que o IBGE divulgou informações erradas, buscando tirar a importância da agricultura familiar para o sustento de milhões de brasileiro e acusando o IBGE de ser um instrumento de manipulação política e ideológico.
O estudo encomendado a Fundação Getúlio Vargas (FGV), imediatamente, foi contestada pela Contag, entidade que luta, veementemente, há quase 50 anos, pela ampliação dos direitos e dignidade para os trabalhadores e trabalhadoras rurais assalariados do Brasil.
Veja na íntegra o texto da Contag:
Contag critica estudo divulgado pela agricultura patronal
A Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (Contag) reafirma sua crença nos números do Censo Agropecuário 2006 divulgados pelo IBGE no ano passado. “Eles fornecem informações técnicas e científicas para orientar a formulação das políticas públicas do Estado para o campo”, explica Alberto Broch, presidente da Contag.
Desse modo, a Contag considera que o estudo apresentado pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) para desqualificar os dados do IBGE é falacioso e visa a ludibriar a opinião pública brasileira. “O objetivo da CNA é minimizar a importância da agricultura familiar na produção de alimentos e passar a ideia de que nós, agricultores familiares, somos iguais aos grandes proprietários de terra. É uma tentativa de ignorar a existência de dois modelos agrícolas no País”, afirma Broch.
O modelo patronal concentra a maior parte das terras, da renda e dos recursos públicos. O modelo defendido e representado pela Contag reúne a maior parte dos estabelecimentos agrícolas que, com poucos recursos, abastece a mesa da população brasileira.
A Contag também refuta a proposta da CNA de tratar os agricultores familiares de baixa renda como um público-alvo de políticas compensatórias e assistenciais. “Não é isso que queremos. Os dados do IBGE mostram que as políticas públicas específicas para a agricultura familiar estão transformando o campo”, sustenta Broch.
O dirigente também considera curioso o repentino interesse da CNA com os recursos do Tesouro utilizados pelo governo Lula para apoiar a agricultura familiar. “Historicamente, as dívidas dos latifundiários com as instituições financeiras públicas já provocaram grandes rombos ao erário”, resgata o presidente da Contag. Ele lembra, ainda, que a agricultura patronal ficou com 87% dos recursos de crédito rural durante a safra 2009/2010.
A Contag afirma que a senadora Kátia Abreu não tem autoridade moral e conhecimentos suficientes para tratar de políticas públicas para a agricultura familiar. “Quem entende das necessidades dos agricultores familiares somos nós. A parlamentar deveria se preocupar com a agricultura patronal que degrada o meio ambiente gera exclusão social e pratica trabalho degradante”, recomenda Broch. Ele também destaca o fato de que 30 mil trabalhadores rurais das propriedades “modernas” foram libertados das condições análogas à escravidão durante o período de 2003 a 2009.
O dirigente não aceita o discurso de tratar os desiguais de forma igual e afirma que o verdadeiro interesse da CNA é eliminar as políticas específicas para a agricultura familiar. Há 15 anos, os agricultores familiares eram marginalizados e não tinham crédito, assistência técnica e políticas de comercialização. Essa realidade foi mudada com a luta da Contag e dos demais movimentos sociais do campo. “Não queremos a volta ao passado. Pelo contrário, pretendemos ampliar as conquistas dos agricultores familiares que acumulamos nos últimos anos. Esse é o objetivo do Grito da Terra Brasil”, conclui Broch.
Da redação com FETAESC
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